Já realizei FIV e não consegui oócitos nem blastocistos

Cada vez mais se discute o envelhecimento ovariano como sendo um processo independente, ou seja, a sua idade reprodutiva (“idade ovariana”) pode não ser a mesma da sua idade cronológica

Cada vez mais se discute o envelhecimento ovariano como sendo um processo independente, ou seja, a sua idade reprodutiva (“idade ovariana”) pode não ser a mesma da sua idade cronológica (data de nascimento). Sendo assim, poderemos encontrar mulheres com mais do que 40 anos que engravidam espontaneamente e geram filhos saudáveis, bem como poderemos encontrar mulheres com menos do que 35 anos, com dificuldade de engravidar e mesmo de gerar embriões euplóides (embrião considerado geneticamente normal após análise por PGS) durante um processo de FIV.

Diversos fatores podem interferir na “idade ovariana”, citando hábitos de vida como tabagismo, alimentação e sedentarismo, cirurgia ovariana prévia, quimioterapia, exposição à substâncias tóxicas como plásticos, entre outros. Além disto, fatores genéticos e familiares também desempenham um papel importante no processo de envelhecimento ovariano. Esta questão é de suma importância em pacientes que necessitam realizar procedimentos na área de reprodução assistida, devido a dificuldade em gerar embriões euplóides, bem como por apresentar um impacto emocional e financeiro para o casal.

Diante disso, especialistas da área de medicina reprodutiva de sete países criaram um grupo focado no diagnóstico e no tratamento de pacientes com mau-prognóstico para a quantidade de óvulos produzidos. Este grupo recebeu o nome de POSEIDON (Patient-Oriented Strategies Encompassing Individualized Oocyte Number ou, em português, Estratégia orientada para o paciente, abrangendo o número individualizado de oócitos).

A intenção era conseguir encontrar uma estratégia individualizada para alcançar uma quantidade mínima de óvulos para gerar ao menos um embrião euplóide. Levando em conta que, mesmo com o grande avanço das técnicas de reprodução assistida, nem todos os óvulos irão gerar oócitos maduros (MII), e os que serão injetados com o esperma do parceiro e então fertilizados poderão não se desenvolver, e que entre os embriões formados, nem todos serão de boa qualidade, há uma necessidade clara de estratégias diferenciadas para cada subgrupo de pacientes. Entretanto, uma parcela de mulheres submetidas a um ciclo de FIV, mesmo com altas doses de medicações, recrutam um número pequeno de folículos, apresentando o que chamamos de uma má resposta, ou seja, quando são coletados somente três ou menos oócitos.

Desta forma, as pacientes com má resposta foram classificadas em 4 grupos, de acordo com critérios como idade, marcadores de reserva ovariana e pobre resposta em um ciclo anterior de FIV.

Com esta classificação definida, há um consenso de que a abordagem e tratamento das pacientes dos grupos 1 e 2 de POSEIDON é diferente da abordagem e tratamento dos grupos 3 e 4, visto que as pacientes do grupo 3 e 4 além de má respondedora, são também classificadas como tendo uma baixa reserva ovariana.

Segundo esta linha de raciocínio, o grupo POSEIDON visou implementar protocolos específicos para cada grupo, em termos de doses e medicações utilizadas, bem como determinar o número de óvulos necessários para que se tenha uma chance boa de se obter pelo menos um embrião euplóide.

Com isto conseguimos individualizar e customizar os tratamentos de reprodução assistida, além de permitir estratificar o grupo de pacientes má respondedora em grupos mais homogêneos e específicos, ajudando a definir o melhor tratamento e assim aumentando as chances de sucesso em um grupo de pacientes de difícil manejo e emocionalmente abaladas.

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