A infertilidade feminina, pode ser resultado de várias doenças e a trombofilia pode ser uma delas.
Mulheres com trombofilia podem ter dificuldades para engravidar e, quando conseguem, estão sujeitas a maior risco de doenças durante a gestação. Uma alternativa para as pacientes com dificuldades em conceber é a FIV (fertilização in Vitro).
O que é trombofilia?
Trombofilia é um termo abrangente para situações clínicas que afetam a coagulação do sangue e aumentam a possibilidade de desenvolver trombose nas artérias ou veias.
A formação de coágulos (trombos) é um processo defensivo do organismo para evitar hemorragias. Entretanto, quando os coágulos são formados no interior dos vasos sanguíneos, podem dificultar ou mesmo obstruir a passagem do sangue, causando diferentes complicações.
A trombofilia pode ser tanto hereditária quanto adquirida.
Os fatores hereditários estão relacionados com alterações nos genes que influenciam a atividade dos anticoagulantes naturais e de outros fatores de coagulação e temos como exemplo Fator V de Leiden, Mutações da Metilenotetraidrofolato redutase (MTHFR) e
mutações genéticas da Protrombina, além de fatores que inibem a coagulação, que podem estar diminuídos, aumentado assim a coagulação, como Antitrombina, Proteína C, Proteína S, Resistência à proteína C ativada.
Já os casos de trombofilia adquirida são secundários a uma doença autoimune, que pode se manifestar ao longo da vida, especialmente em situações de estresse emocional, como exemplo Síndrome anti-fosfolípide (SAF), Lúpus eritematoso sistêmico, Esclerodermia, Artrite reumatoide e Doenças da tireoide.
Uma teoria que procura explicar como a trombofilia pode interferir na fertilidade seria a falha na implantação embrionária, ou seja, a doença atuaria dificultando que o embrião se fixe no útero (sabe-se que as trombofilias podem ocasionar oclusão dos pequenos
vasos do endométrio e dessa forma, dificultar ou impedir a implantação do embrião).
Mulheres grávidas e portadoras de alterações que configuram a trombofilia podem ter complicações, como pré-eclâmpsia, descolamento de placenta, baixo crescimento do feto, parto prematuro e sofrimento fetal crônico, além de abortamento de repetição e casos de natimortos.
Vale lembrar, que nem todas as gestantes com trombofilia desenvolverão a trombose, porém é necessário tratar e acompanhar clinicamente para evitar complicações.
Trombofilia e FIV
O sucesso de uma FIV depende, em grande parte, da implantação do embrião. Esse êxito está relacionado a dois fatores fundamentais: a qualidade do embrião e a receptividade do endométrio.
Existe relação direta entre trombofilia com falha de implantação, que pode ser contornada com o tratamento adequado.
O diagnóstico
É importante investigar a trombofilia em pacientes que tenham histórico de trombose venosa e também em seus familiares de primeiro grau, além de pacientes que apresentarem falhas de implantação pós FIV ou abortos de repetição.
O procedimento diagnóstico consiste em solicitar exames de sangue que comprovem as alterações nas vias anticoagulantes plasmáticas no intuito de identificar deficiências de antitrombina, anticorpos e proteínas responsáveis por favorecerem o desenvolvimento de trombose venosa ou arterial.
Análises de DNA também podem ser realizadas a fim de constatar mutações genéticas capazes de prejudicar a coagulação saudável e correta do sangue.
A investigação clínica de trombofilia precedendo o tratamento de falha de implantação é fundamental. Se for confirmado o diagnóstico de trombofilia e indicada a FIV, a paciente pode ser tratada a fim de melhorar as chances de sucesso na tentativa de
gravidez.
Conduta
Pacientes com trombofilia apresentam durante o período da gravidez, um risco ainda maior de desenvolver trombose, porém é possível evitar complicações com o tratamento correto. A terapia indicada é a utilização de medicamentos anticoagulantes, que regulam a função de coagulação do sangue. Esse tratamento deve ser continuado após o parto, quando as chances de trombose são ainda maiores que durante a gravidez